PAULO COELHO, O PAJÉ –

Ele tem o dom de sacralizar tudo que vê e toca. Um amigo escritor, que, como todos nós, busca leitores, não aceita o meu entusiasmo por Paulo Coelho. Diz que ele usa “uma receita de bolo”, aproveitando as superstições populares universais. De nada adiantou dizer das minhas razões. Afinal, o autor de “O Alquimista” é publicado nos países cultos e teve mais de trezentos milhões de exemplares vendidos.

Ele escreve por compunção, sem saber exatamente para quem. Na verdade, ninguém vê o seu leitor. Contei ao meu amigo minha experiência pessoal. Estive na Feira de Livros de Frankfurt, em que apresentei o meu livro e de minha filha Leila, “Charming Flowers of Brazil”, surpreendendo-me com um enorme retrato do ídolo pintado em um caminhão baú.

Paulo Coelho é um PAJÉ que recebeu a chave da magia que DEUS põe em cada um de nós. Ela estava escondida no Campo da Estrela (Compostela). Ninguém poderia imaginar que alguém que esteve internado em um asilo de problemas psiquiátricos viesse a ter o êxito acompanhando toda sua vida.

É grato ao baiano Raul Seixas que lhe ensinou a amar a música e com ele fazer uma popular parceria. Assim, criaram sessenta e cinco canções de sucesso, dentre essas “Eu Nasci a Dez Mil Anos Atrás”. Ele próprio lastima ter posto “atrás” quando já havia decorrido séculos.

Raulzinho também produziu música com o potiguar Leno (Gileno Wanderley), inclusive foi “banking” de sua banda. Leno conta que foi convidado por Raul e participou do primeiro encontro dos parceiros famosos.

O escritor mora na Suíça, mas não esquece o Brasil, afirmando ser o “País do Terceiro Milênio”. Destinou parte dos muitos milhões de dólares adquiridos com a tradução de seus livros, em setenta e cinco línguas, à criação de uma instituição beneficente, social e de cultura. A fundação é administrada por sua mulher Christina Oiticica, artista plástica de excelência. Com generosidade, doou valores significativos para festivais musicais brasileiros, para a associação de caridade que leva o nome de Irmã Dulce e mandou fazer até uma cadeira especial para um menino hemiplégico baiano.

Christina tem raízes familiares em Natal que foram proprietários-construtores do imponente Solar Bela Vista.

Paulo Coelho, sempre voltado à espiritualidade, confessa seus defeitos, como, por exemplo: “A vaidade me alimenta”. Ela o impulsiona a um novo trabalho. Em entrevista, não esconde a tatuagem do braço: uma borboleta que é símbolo mágico. Afirma que cada um cumpre a sua lenda pessoal. Recebe sinais, mas não acredita em inspiração, que seria apenas inspirar para dentro.

Em seu discurso de posse para ocupar a Cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras, iniciou dizendo, em latim, que toda glória do mundo é transitória. Talvez quisesse transmitir a transitoriedade da vida e da imortalidade acadêmica. Na academia, eleito por unanimidade, sucedeu ao genial Roberto Campos e foi saudado pelo acadêmico Arnaldo Neskier. A sua fala teve por tema predominante, se não único, o amor.

O querido PAJÉ, mago do exterior, acredita e transforma o sonho em realidade. A sua admiração literária é por dois Jorges: Jorge Luís Borges e Jorge Amado.

Ele e o autor de “Gabriela, Cravo e Canelasão glórias brasileiras.

 

 

 

 

 

Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN

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